quarta-feira, 30 de novembro de 2011


Meditando o Evangelho de hoje

Dia Litúrgico: 30 de Novembro: Santo André, apóstolo
Evangelho (Mt 4,18-22): Caminhando à beira do mar da Galiléia, Jesus viu dois irmãos: Simão, chamado Pedro, e seu irmão André. Estavam jogando as redes ao mar, pois eram pescadores. Jesus disse-lhes: «Segui-me, e eu farei de vós pescadores de homens». Eles, imediatamente, deixaram as redes e o seguiram. Prosseguindo adiante, viu outros dois irmãos: Tiago, filho de Zebedeu, e seu irmão João. Estavam no barco, com seu pai Zebedeu, consertando as redes. Ele os chamou. Deixando imediatamente o barco e o pai, eles o seguiram.
Comentário: Prof. Dr. Mons. Lluís CLAVELL (Roma, Italia)
«Eu farei de vós pescadores de homens»
Hoje, é a festa de Santo André, Apóstolo, uma festa celebrada de maneira solene entre os cristãos de Oriente. Ele foi um dos primeiros jovens a conhecer Jesus à beira do rio Jordão e a ter longas conversas com Ele. Em seguida procurou seu irmão Pedro, dizendo-lhe «Encontramos o Cristo!» e o levou onde estava Jesus (Jo 2,41). Logo depois, Jesus chamou a esses dois irmãos pescadores seus amigos como lemos no Evangelho de hoje: «Segui-me, e eu farei de vós pescadores de homens» (Mt 4,19). No mesmo povoado, havia outros dois irmãos, Tiago e João, colegas e amigos daqueles primeiros e pescadores como eles. Jesus também os chamou para que O seguissem. É maravilhoso ler que eles deixaram tudo e O seguiram “imediatamente”, palavras que se repetem em ambos os casos. Não podemos dizer a Jesus: “depois”, “logo”, “agora tenho muito trabalho...”

Também a cada um de nós — a todos os cristãos — Jesus nos pede cada dia que ponhamos todo o que temos e somos ao seu serviço —isso quer dizer, deixar tudo, não ter nada como próprio— para que, vivendo com Ele as tarefas de nosso trabalho profissional e de nossa família, sejamos “pescadores de homens”. O que quer dizer “pescadores de homens”? Uma bonita resposta pode ser um comentário de São João Crisóstomo. Este Padre e Doutor da Igreja, diz que André não sabia explicar bem a seu irmão Pedro quem era Jesus, e por isso, «o levou à fonte da própria luz», que é Jesus Cristo. “Pescar homens” quer dizer ajudar os que estão ao nosso redor na família e no trabalho para encontrarem a Cristo que é a única luz para nosso caminho.

terça-feira, 29 de novembro de 2011

HISTÓRIA 
DA IMAGEM DE JESUS MISERICORDIOSO
ZD
A casa onde foi pintada a primeira imagem de Jesus Misericordioso em Vilna (Vilnius, Lituânia). 
Ao longe, a igreja que as autoridades soviéticas transformaram em prisão, ativa até 2008.
O padre Sopocko confiou a pintura da imagem de Jesus Misericordioso no início de 1934 
ao pintor de Vilnius Eugênio Kazimirowski. A residência do pe. Sopocko e a residência e o ateliê de Kazimirowski localizavam-se no mesmo prédio. Durante a pintura da imagem, ao menos duas vezes por semana a irmã Faustina – que durante todo o período da pintura imagem permaneceu em Vilna (Vilnius, Lituânia) (veja Casa d Congregação) – ia ao ateliê a fim de fornecer orientações 
e sugerir detalhes relacionados com a aparência da imagem. O padre Sopocko cuidou pessoalmente que a imagem fosse pintada exatamente de acordo com as orientações da religiosa. A tela em que havia ordenado a pintura da imagem de Jesus Misericordioso foi por ele adaptada às dimensões de uma velha moldura que anteriormente lhe havia sido presenteada por uma paroquiana. A pintura se estendeu por cerca de seis meses, e quando o quadro já estava pintado 
e pronto para ser exposto (Veja Recordações - pe. Miguel Sopocko), o pe. Sopocko, querendo ainda certificar-se quanto à legenda que nele devia figurar, pediu a irmã Faustina que se informasse 
a esse respeito com Jesus Cristo:
”Em determinado momento, o confessor perguntou-me como deveria ser colocada 
essa inscrição, visto que tudo isso não cabia nessa Imagem. Respondi que rezaria 
e responderia na semana seguinte. Quando saí do confessionário e estava passando diante do Santíssimo Sacramento, recebi a compreensão interior de como devia ser 
essa inscrição. Jesus me lembrou o que tinha dito na primeira vez, isto é, as palavras que devem ser salientadas: Jesus, eu confio em Vós” (Diário, 327).
”Pinta uma imagem de acordo com o modelo que estás vendo, 
com a inscrição: Jesus, eu confio em Vós” (Diário, 47).
”Ofereço aos homens um vaso, 
com o qual devem vir buscar graças na fonte da misericórdia. 
Esse vaso é a Imagem com a inscrição: Jesus, eu confio em Vós” (Diário, 327).
A inscrição ditada, que constitui um elemento essencial da integridade do culto transmitido, 
foi elaborada pelo pe. Sopocko numa placa adicional e por ele localizada na parte inferior 
da imagem. A seguir, atendendo a uma explícita exigência de Jesus Cristo, transmitida pela irmã Faustina, o pe. Sopocko deu início aos empenhos para expor a imagem na igreja de S. Miguel, 
em Vilna, da qual ele era reitor.
Em razão disso, no dia 4 de abril de 1937, com a autorização do metropolita de Vilna (Vilnius, Lituânia), o arcebispo Romualdo Jalbrzykowski, e após uma opinião positiva dos peritos, 
a imagem de Jesus Misericordioso foi exposta na igreja de S. Miguel em Vilna, onde por cerca 
de onze anos lhe devotaram a grande veneração que lhe cabia. Em 1941 uma outra comissão 
de peritos, convocada a pedido do metropolita, declarou que ”essa imagem foi executada artisticamente e constitui um precioso patrimônio da arte religiosa contemporânea”. 
(Protocolo da Comissão relacionado com a avaliação e a preservação da imagem do Salvador Misericordiosíssimo na igreja de S. Miguel em Vilna, do dia 27 de maio de 1941, assinado pelos peritos: professor de História da Arte Dr. M. Morelowski, professor de dogma pe. Dr. L. Puchaty 
e conservador pe. Dr. P. Sledziewski). (Veja – Recordações - pe. Miguel Sopocko)
Imagem na igreja de Santo Miguel (1937-1948).
Em 1948, depois que as autoridades comunistas fecharam a igreja de S. Miguel, a imagem 
(sem a moldura a inscrição nela presente) foi comprada de forma clandestina e ilegal 
de um operário lituano que estava retirando os elementos decorativos do santuário. 
Essa transação foi realizada por duas mulheres (uma polonesa e uma lituana), que tinham consciência das consequências que isso lhes podia acarrretar da parte das autoridades soviéticas. Elas retiraram da igreja a imagem enrolada e por algum tempo a esconderam num sótão, esperando passar o tempo das eventuais ameaças. 
Mais tarde elas entregaram a imagem à igreja do Espírito Santo, onde havia sido depositado também todo o patrimônio móvel da igreja que fora fechada. O pároco da igreja do Espírito Santo, pe. João Ellert, não se mostrou interessado em ficar com a imagem nem em expô-la, e então escondeu-a num arquivo nos fundos da igreja. Somente em 1956 o pe. José Grasewicz, amigo 
do pe. Sopocko, que havia voltado a Vilna após alguns anos de prisão num de trabalhos forçados soviético, decidiu reencontrar a imagem. Antes disso estabeleceu contato com o pe. Sopocko, 
que estava muito preocupado porque até então não havia descoberto onde se encontrava 
a imagem. O pe. Grosewicz obteve autorização voltar ao trabalho pastoral na paróquia de Nowa Ruda. Antes de partir de Vilna, pediu ao pároco da igreja do Espírito santo que entregasse 
a imagem à sua paróquia, o que o pároco fez de bom grado. O pe. Grosewicz levou a imagem 
a Nowa Ruda e a expôs na igreja, mantendo segredo a respeito da sua origem.
Naquele mesmo período o pe. Sopocko considerou a possibilidade de trazer a imagem à Polônia, no entanto deixou de se empenhar por isso quando se verificou que essa operação seria perigosa. Apesar das muitas mudanças na administração da igreja de Nowa Ruda (Bielo-Rússia), a imagem permaneceu nela por cerca de trinta anos. 

A imagem na igreja de Nowa Ruda, na atual Bielo-Rússia (1956-1986).
Em 1970, as autoridades de Nowa Ruda decidiram transformar a igreja num depósito. 
Os pertences da igreja liquidada haviam sido levados a uma outra paróquia. A imagem, pendurada no alto, em razão de um motivo aparentemente fútil (falta de uma escada alta), permaneceu na igreja. O pe. Sopocko, preocupado com esse acontecimento, por estar 
na Polônia nada pôde fazer a respeito. O pe. Grosewicz também não tinha a possibilidade 
de atender ao pedido do pe. Sopocko – de transportar a imagem para um outro lugar seguro. 
Ele teve de deixar a paróquia e nenhum padre na Bielorrússia teve a coragem de aceitar 
a imagem.
A imagem de Jesus Misericordioso, por muitos anos deixada numa igreja de madeira 
em abandono, somente graças à Divina Providência sobreviveu ao perigoso tempo do comunismo. A incerteza a respeito do destino da imagem acompanhou o pe. Sopocko até o fim da vida. 
Por diversas vezes ele enviou pedidos confidenciais solicitando que a imagem fosse trazida 
a Vilna. O pedido para expor a imagem em Ostra Brama (Ausros Vartai), em Vilna, onde pela primeira vez havia sido exposta para a veneração pública, foi transmitido somente em 1982 
(já após a morte do pe. Sopocko). O então vigário de Ostra Brama, pe. Tadeusz Kondrusiewicz, achou essa ideia infundada e propôs que a imagem fosse exposta na igreja do Espírito Santo, onde era pároco o pe. Alexandre Kaszkiewicz, o qual, embora inicialmente a contragosto, finalmente concordou com a exposição da imagem. Dessa forma o pe. Grasewicz tomou 
a decisão de trazer a imagem novamente a Vilna.
Para não provocar os comunistas, interessados pela origem incomum da imagem, numa noite 
de novembro de 1986, sem o conhecimento dos habitantes de Nowa Ruda, que se reuniam para rezar na igreja abandonada, no lugar da imagem original foi exposta uma cópia previamente elaborada. Com a ajuda de irmãs religiosas de N. S. da Misericórdia (de Ostra Brama), cientes 
do que estava ocorrendo, a imagem retirada da moldura de madeira foi enrolada e naquela mesma noite levada a Grodno, e mais tarde à igreja do Espírito Santo em Vilna.
Por ordem do pe. Kaszkiewicz, antes de ser exposta no altar a imagem danificada passou 
por uma repintura. Essa intervenção modificou sensivelmente a aparência da face de Jesus Cristo, pelo que foi deformada a mensagem visual da imagem. Na imagem foi pintada em cor vermelha 
a legenda JESUS, EU CONFIO EM VÓS. Além disso, para adaptar a imagem ao nicho do altar, 
foi enrolada a sua borda inferior e na parte superior foi colado um remate oval adicional.
Essas mudanças não estavam de acordo com a composição artística primitiva da imagem elaborada em 1934 por E. Kazimirowski com a coparticipação de Irmã Faustina e do pe. Sopocko. Foi uma ingerência brutal que diminuiu sensivelmente o valor original da obra.
 
A imagem na igreja do Espírito Santo em Vilnius, Lituânia (1987-2005), antes e após a restauração.
Durante os trabalhos de conservação em 2003, foi devolvido à imagem o seu formato primitivo. Inteiramente renovada, a imagem permaneceu na igreja do Espírito Santo até setembro de 2005.  A igreja do Espírito Santo é a igreja paroquial dos poloneses residentes em Vilna. As missas 
e as celebrações nessa igreja são conduzidas apenas em língua polonesa.


No início de 2004, o metropolita de Vilna (Vilnius, Lituânia) card. Audrys Juozas Backis tomou 
a decisão de transferir a imagem de Jesus Misericordioso da igreja do Espírito Santo à pequena igreja vizinha da Santíssima Trindade, reconsagrada como Santuário da Divina Misericórdia. 
Esse santuário devia tornar-se um lugar de adoração e oração para os devotos da Misericórdia Divina – independentemente da sua origem nacional.
O metropolita confiou o ministério da oração nesse santuário à Congregação das Irmãs de Jesus Misericordioso, que essa Congregação já exercia desde 2001 na igreja do Espírito Santo. 


Em setembro de 2005 a primeira imagem de Jesus Misericordioso foi exposta no Santuário 
da Divina Misericórdia.
SANTUÁRIO DA MISERICÓRDIA DIVINA
Vilnius, Lituânia, Rua Dominikonu 12


Em 2004, para a sede da Congregação das Irmãs de Jesus Misericordioso em Vilna, 
o metropolita destinou a casa na qual foi pintada a primeira imagem de Jesus Misericordioso. Graças à liberalidade dos benfeitores, essa casa foi adaptada às necessidades do funcionamento dessa Congregação religiosa.

Casa na qual foi pintada a primeira imagem de Jesus Misericordioso. 
Atualmente CASA DA CONGREGAÇÃO DAS IRMÃS DE JESUS MISERICORDIOSO 
Vilnius, Lituânia, Rua Rasu, 4a
A Congregação das Irmãs de Jesus Misericordioso, fundada pelo beato pe. Miguel Sopocko, 
é uma comunidade multinacional, que realiza o seu carisma de difundir e suplicar a Misericórdia Divina para o mundo através da palavra, da ação e da oração em 36 casas religiosas. 
Essa Congregação originou-se em 1941 em Vilna, atendendo a um desejo de Jesus Cristo transmitido à Santa Irmã Faustina. Em 2008 foi aprovada como instituto religioso de direito pontifício. (Veja decreto). (Veja Congregação).
Em junho de 1935, em Vilna, a Santa Irmã Faustina registrou em seu Diário:  
"Deus está exigindo que haja uma Congregação que proclame ao mundo 
a misericórdia de Deus e que a peça para o mundo" (Diário, 436).
"Desejo que haja uma tal Congregação" (Diário, 437).



CONSERVAÇÃO DA IMAGEM
A primeira imagem de Jesus Misericordioso, exposta a partir de 1987 na igreja do Espírito Santo em Vilna, não despertou especial interesse, tanto dos peregrinos como das autoridades eclesiásticas. A falta de condições adequadas da exposição da imagem contribuiu para novas mudanças desfavoráveis em sua matéria. 
Somente a partir de julho de 2001, com o consentimento do pe. Miroslau Grabowski, pároco 
da igreja do Espírito Santo, a Congregação das Irmãs de Jesus Misericordioso pôde abrir 
um novo núcleo em Vilna, aceito pela cúria local, e envolver com a sua proteção essa singular 
e valiosa imagem.
Há algumas dezenas de anos, essa Congregação se empenha pela propagação da primeira imagem de Jesus Misericordioso, daquela que surgiu na atmosfera do milagre divino 
– da oração e do sofrimento de Irmã Faustina, da sua presença e coparticipação.
Graças aos empenhos e à dedicação das irmãs, em abril de 2003 foi feita uma restauração geral da imagem, que se realizou na casa religiosa das Irmãs em Vilna. Da imagem foram retirados todos os acréscimos pintados, foram consertadas as partes danificadas e removidas as manchas que haviam surgido em consequência de umidade e de tentativas de removê-las com produtos químicos. Em consequência da restauração realizada, devolveu-se à imagem a aparência primitiva de Jesus Misericordioso.

Algumas deformações da tela não puderam ser removidas sem a utilização de cola. Trata-se 
de vestígios das várias retiradas da imagem da sua moldura de madeira (orifícios provenientes 
dos pregos que fixavam a imagem) e dos cerca de quatro centímetros enrolados da borda inferior (em 1987 a imagem havia sido adaptada ao nicho do altar na igreja do Espírito Santo). 
Essas perdas, embora invisíveis na apresentação da imagem, constituem, no entanto, 
um traço seu singular e caraterístico.
Dobra da borda inferior da imagem
(São visíveis os orifícios deixados pelos pregos, que permaneceram após a tríplice troca da moldura)
Durante a conservação em 2003, a imagem foi novamente presa na moldura com grampos.

Por iniciativa dos organizadores e benfeitores da restauração da imagem realizada em 2003
(Veja Cópia do contrato) – da Fundação dos Apóstolos de Jesus Misericordioso em Lodz (Polônia) 
– em março de 2004 foi instituída na igreja do Espírito Santo em Vilna (Vilnius, Lituânia) uma sessão fotográfica profissional da imagem. Desde então, fotocópias da primeira imagem com 
a efígie de Jesus Misericordioso, de 20 cm de eslaides realizados com uma câmera especial, 
estão sendo divulgadas e fornecidas para a evangelização geral (Veja Imagem para impressão poligráfica).


”Por meio dessa Imagem concederei muitas graças às almas; 
que toda alma tenha, por isso, acesso a ela” (Diário, 570).


DOCUMENTAÇÃO 
FOTOGRÁFICA DA CONSERVAÇÃO 
DA IMAGEM
Detalhe da imagem antes da restauração
Remoção do descascamento 
Após a remoção do descascamento
Detalhe da imagem após a conservação

A imagem antes da restauração
Após a remoção do descascamento

A imagem pós a restauração
Remoção do descascamento
As fotos provêm do arquivo da documentação restauradora de 2003
Apesar de ter sido realizada uma restauração geral da imagem, o estado do seu material ficou sensivelmente enfraquecido, razão pela qual ela deve ser exposta em condições adequadas, de acordo com as recomendações dos técnicos. A restauração da imagem foi realizada pela Sra. Edite Hankowski-Czerwinski, de Wloclawek (Polônia) e-mail: edycja@autograf.pl, retauradora de obras de arte, formada pela Faculdade de Belas Artes da Universidade Nicolau Copérnico de Torun (Polônia).
No dia 3 de agosto de 2009, no Santuário da Misericórdia Divina em Vilna, a restauradora 
Edite Hankowski-Czerwinski realizou o controle periódico do estado da conservação da imagem. Ela definiu o estado da imagem como bom, não exigindo intervenção restauradora.


domingo, 27 de novembro de 2011

Primeira Aparição de Nossa Senhora de Fátima
Dia 13 de Maio de 1917.

Nossa Senhora aparece resplandecente aos pastorinhos, em 1917.
Lúcia, Francisco e Jacinta estavam brincando num lugar chamado Cova da Iria. De repente, observaram dois clarões como de relâmpagos, e em seguida viram, sobre a copa de uma pequena árvore chamada azinheira, uma Senhora de beleza incomparável.
Era uma Senhora vestida de branco, mais brilhante que o sol, irradiando luz mais clara e intensa que um copo de cristal cheio de água cristalina, atravessado pelos raios do sol mais ardente.
Sua face, indescritivelmente bela, não era nem alegre e nem triste, mas séria, com ar de suave censura. As mãos juntas, como a rezar, apoiadas no peito, e voltadas para cima. Da sua mão direita pendia um Rosário. As vestes pareciam feitas somente de luz. A túnica e o manto eram brancos com bordas douradas, que cobria a cabeça da Virgem Maria e lhe descia até os pés.
Lúcia jamais conseguiu descrever perfeitamente os traços dessa fisionomia tão brilhante. Com voz maternal e suave, Nossa Senhora tranqüiliza as três crianças, dizendo:
Nossa Senhora: “Não tenhais medo. Eu não vos farei mal.”
E Lúcia pergunta:
Lúcia: “Donde é Vossemecê?”
Nossa Senhora: “Sou do Céu!”

Lúcia: “E que é que vossemecê me quer?
Nossa Senhora: “Vim para pedir que venhais aqui seis meses seguidos, sempre no dia 13, a esta mesma hora. Depois vos direi quem sou e o que quero. Em seguida, voltarei aqui ainda uma sétima vez.”
Lúcia: “E eu também vou para o Céu?”
Nossa Senhora: “Sim, vais.”
Lúcia: “E a Jacinta?”
Nossa Senhora: “Também”
Lúcia: “E o Francisco?”
Nossa Senhora: “Também. Mas tem que rezar muitos terços”.
Nossa Senhora: “Quereis oferecer-vos a Deus para suportar todos os sofrimentos que Ele quiser mandar-vos, em ato de reparação pelos pecados com que Ele é ofendido, e de súplica pela conversão dos pecadores?”
Lúcia: “Sim, queremos”
Nossa Senhora: “Tereis muito que sofrer, mas a graça de Deus será o vosso conforto”.
Ao pronunciar estas últimas palavras, Nossa Senhora abriu as mãos, e delas saía uma intensa luz.
Os pastorinhos sentiram um impulso que os fez cair de joelhos, e rezaram em silêncio a oração que o Anjo havia lhes ensinado:
As três crianças: “Ó Santíssima Trindade, eu Vos adoro. Meu Deus, meu Deus, eu Vos amo no Santíssimo Sacramento.”
Passados uns momentos, Nossa Senhora acrescentou:
Nossa Senhora: “Rezem o Terço todos os dias, para alcançarem a paz para o mundo, e o fim da guerra.”
Em seguida, cercada de luz, começou a elevar-se serenamente, até desaparecer.



Segunda Aparição de Nossa Senhora de Fátima
Dia 13 de Junho de 1917.

Jacinta, Lúcia e Francisco:
os três pastorinhos
videntes de Fátima

Antes da segunda aparição, os pastorinhos notaram novamente um clarão, a que chamavam relâmpago, mas que não era propriamente um relâmpago. Era o reflexo de uma luz que se aproximava. Além dos pastorinhos, havia, também, cerca de 50 pessoas. Mas essas pessoas não viam Nossa Senhora.
Lúcia começou a falar com Nossa Senhora.

Lúcia: “Vossemecê que me quer? ”Nossa Senhora: “Quero que venhais aqui no dia treze do mês que vem. Que Rezeis o Terço todos os dias, e que aprendais a ler. Depois direi o que quero”
Lúcia pediu a cura de uma pessoa doente, e Nossa Senhora lhe disse:

Nossa Senhora: “Se se converter, curar-se-á durante o ano.”
Lúcia: “Queria pedir-lhe para nos levar para o Céu”.
Nossa Senhora: “Sim. A Jacinta e o Francisco, levo-os em breve. Mas tu, ficas cá mais algum tempo. Jesus quer servir-se de ti para me fazer conhecer e amar. Ele quer estabelecer no mundo a devoção ao Meu Imaculado Coração. A quem a abraçar, prometo a salvação. E serão queridas de DEUS estas almas, como flores postas por Mim a adornar o Seu trono”.
Lúcia: “Fico cá sozinha?”
Nossa Senhora: “Não filha. E tu sofres muito? Não desanimes. Eu nunca te deixarei. O meu Imaculado Coração será o teu refúgio, e o caminho que te conduzirá até Deus”.
Foi no momento em que disse estas últimas palavras, que Nossa Senhora abriu as mãos e iluminou os pastorinhos, pela segunda vez, com o reflexo dessa luz imensa. Nela eles sentiram-se como que envolvidos por Deus.

À frente da palma da mão direita de Nossa Senhora, estava um Coração cercado de espinhos, que pareciam estar cravados nele. Os três pastorinhos compreenderam que era o Imaculado Coração de Maria, ofendido pelos pecados da humanidade, que queriam ser reparados.
Nossa Senhora, envolta ainda na luz que dEla irradiava, elevou-se sem esforço, suavemente, até desaparecer.



Terceira Aparição de Nossa Senhora de Fátima
Dia 13 de Julho de 1917.

Representação da visão do inferno, descrita por Nossa Senhora aos pastorinhos durante a terceira aparição
Uma nuvenzinha pairou sobre a azinheira. O sol se ofuscou. Uma brisa fresca soprou sobre a terra, apesar de ser o auge do verão. Os pastorinhos viram o reflexo da luz – como nas aparições anteriores – e, em seguida, viram Nossa Senhora sobre a arvorezinha chamada azinheira.
Então, Lúcia pergunta a Nossa Senhora:
Lúcia: Vossemecê que me quer?
Nossa Senhora: Quero que venham aqui no dia 13 do mês que vêm, que continuem a rezar o Terço todos os dias, em honra de Nossa Senhora do Rosário, para obter a paz do mundo e o fim da guerra, porque só Ela lhes poderá valer”.
Lúcia: Queria pedir-lhe para nos dizer quem é, e para fazer um milagre, com que todos acreditem que vossemecê nos aparece.
Nossa Senhora: Continuem a vir aqui todos os meses. Em Outubro direi quem sou, o que quero, e farei um milagre, que todos hão de ver para acreditarem.
Lúcia fez alguns pedidos de conversões, de curas e de outras graças.
Nossa Senhora responde recomendando sempre a reza do Terço, que assim alcançariam as graças durante o ano.
Depois acrescentou:
Nossa Senhora: “Sacrificai-vos pelos pecadores e dizei muitas vezes, e em especial sempre que fizerdes algum sacrifício:
Ó Jesus, é por Vosso amor, pela conversão dos pecadores, e em reparação pelos pecados cometidos contra o Imaculado Coração de Maria”.
Ao dizer estas últimas palavras, abriu de novo as mãos, como nos meses anteriores.
“O reflexo de luz (que delas saía) pareceu penetrar na terra. E vimos como que um grande mar de fogo. E, mergulhados nesse fogo, estavam os demônios e as almas, como se fossem brasas transparentes e negras ou bronzeadas, com forma humana, que flutuavam no incêndio, levadas pelas chamas que delas mesmas saíam, juntamente com nuvens de fumo, caindo para todos os lados – semelhante
ao cair das fagulhas nos grandes incêndios – sem peso nem equilíbrio, entre gritos e gemidos de dor e desespero, que horrorizavam e faziam estremecer de pavor. Os demônios distinguiam-se por formas horríveis e asquerosas de animais espantosos e desconhecidos, mas transparentes como negros carvões em brasa.
A visão durou apenas um momento, durante o qual Lúcia soltou um
Lúcia: “Ai!”
Assustados, e como a pedir socorro, as três crianças levantaram os olhos para Nossa Senhora, que lhes disse, com bondade e tristeza:
Nossa Senhora: “Vistes o inferno, para onde vão as almas dos pobres pecadores. Para salvá-las, Deus quer estabelecer no mundo a devoção ao Meu Imaculado Coração.
Se fizerem o que eu vos disser, salvar-se-ão muitas almas e terão paz.
A guerra vai acabar. Mas, se não deixarem de ofender a Deus, no reinado de Pio XI começará outra pior. Quando virdes uma noite iluminada por uma luz desconhecida, sabei que é o grande sinal que Deus vos dá, de que vai punir o mundo de seus crimes, por meio da guerra, da fome, e de perseguições à Igreja e ao Santo Padre. Para impedir isso, virei pedir a consagração da Rússia ao meu Imaculado Coração, e a Comunhão Reparadora nos Primeiros Sábados. Se atenderem a meus pedidos, a Rússia se converterá e terão paz. Se não, espalhará os seus erros pelo mundo, promovendo guerras e perseguições à Igreja. Os bons serão martirizados. O Santo Padre terá muito que sofrer. Várias nações serão aniquiladas.Por fim, o meu Imaculado Coração triunfará. O Santo Padre consagrar-me-á a Rússia, que se converterá, e será concedido ao mundo algum tempo de paz.
Em Portugal, conservar-se-á sempre o dogma da Fé. Isto não digais a ninguém. Ao Francisco sim, podeis dizê-lo.
E, passados uns instantes, Nossa Senhora disse aos pastorinhos:
Nossa Senhora: Quando rezardes o terço, dizei depois de cada mistério:

Ó meu Jesus, perdoai-nos, livrai-nos do fogo do inferno, levai as almas todas para o Céu, principalmente aquelas que mais precisarem”.
Lúcia: “Vossemecê não me quer mais nada? “
Nossa Senhora: Não, hoje não te quero mais nada”.
E, como de costume, Nossa Senhora começou a elevar-se até desaparecer no céu. Ouviu-se, então, uma espécie de novo trovão, indicando que a aparição tinha terminado.



Quarta Aparição de Nossa Senhora de Fátima
Dia 15 de Agosto de 1917.

Quarta aparição: Lúcia, sentindo que alguma coisa de
sobrenatural se aproximava
e os envolvia, mandou
chamar Jacinta às pressas

Lúcia estava com Francisco e mais um primo, no local chamado Valinhos – uma propriedade de um de seus tios – quando, pelas 4 horas da tarde, começaram a se produzir as alterações atmosféricas que precediam as aparições de Nossa Senhora na Cova da Iria. Ou seja, um súbito refrescar da temperatura e uma diminuição da luz do sol.
Lúcia, sentindo que alguma coisa de sobrenatural se aproximava e os envolvia, mandou chamar às pressas Jacinta, a qual chegou em tempo para ver Nossa Senhora que
– anunciada, como das outras vezes, por um reflexo de luz – apareceu sobre a árvore chamada azinheira, um pouco maior que a da Cova da Iria, onde tinham-se dado as aparições anteriores.
Lúcia pergunta a Nossa Senhora:
Lúcia: “Que é que Vossemecê me quer?”
Nossa Senhora: “Quero que continueis a ir à Cova da Iria no dia 13, e que continueis a rezar o terço todos os dias. No último mês farei o milagre para
que todos acreditem”.
Lúcia: “Que é que Vossemecê quer que se faça do dinheiro que o povo deixa na Cova da Iria?”
Nossa Senhora: “Façam dois andores. Um, leva-o tu com a Jacinta, e mais duas meninas vestidas de branco. O outro, que o leve o Francisco com mais três meninos. O dinheiro dos andores é para a festa de Nossa Senhora do Rosário, e o que sobrar, é para a ajuda de uma capela que hão de mandar fazer”.
Lúcia: “Queria pedir-Lhe a cura de alguns doentes”.
Nossa Senhora: “Sim, alguns curarei durante o ano”
E, tomando um aspecto mais triste, recomendou-lhes que rezassem muito pelos pecadores:

Nossa Senhora: “Rezai, rezai muito, e fazei sacrifícios pelos pecadores; que vão muitas almas para o inferno por não haver quem se sacrifique e peça por elas”.
E, como de costume começou a elevar-se até desaparecer. Os pastorinhos cortaram ramos da árvore sobre a qual Nossa Senhora lhes tinha aparecido e levaram para casa os ramos exalavam um perfume suave.


Quinta Aparição de Nossa Senhora de Fátima
Dia 13 de Setembro de 1917.

Nossa Senhora de Fátima
confiou três segredos à Lúcia,
que continuou A servindo
até o fim de sua vida.
Como das outras vezes uma série de fenômenos atmosféricos foram observados pelas pessoas que tinham ido à Cova da Iria. Calculou-se que estavam presentes entre 15 e 20 mil pessoas.
O súbito refrescar da atmosfera, o empalidecer do sol até o ponto de se verem as estrelas, uma espécie de chuva como que de pétalas ou flocos de neve, que desapareciam antes de pousarem na terra.
E desta vez, foi notado um globo luminoso, que se movia, lenta e majestosamente pelo céu de um para outro. E que, no final da aparição, moveu-se em sentido contrário.
Os três pastorinhos notaram, como de costume, o reflexo de uma luz e, a seguir, viram Nossa Senhora sobre a azinheira.
Nossa Senhora: “Continuem a rezar o Terço para alcançarem o fim da guerra. Em Outubro virá também Nosso Senhor, Nossa Senhora das Dores e do Carmo, São José com o Menino Jesus, para abençoarem o mundo. Deus está contente com
os vossos sacrifícios, mas não quer que durmais com a corda, trazei-a só durante o dia”.
Lúcia: “Têm-me pedido para Lhe pedir muitas coisas: cura de alguns doentes, de um surdo-mudo”
Nossa Senhora: “Sim, alguns curarei, outros não. Em Outubro farei um milagre para que todos acreditem.
E, começando a elevar-se, desapareceu como de costume.



Sexta Aparição de Nossa Senhora de Fátima
Dia 13 de Outubro.

A multidão assistiu, impressionada, ao
extraordinário Milagre do Sol.

Uma grande multidão rezava o Terço na Cova da Iria. Os três pastorinhos notaram
o reflexo de uma luz e, em seguida, viram Nossa Senhora sobre a azinheira.
Lúcia: “Que É que Vossemecê me quer?
Nossa Senhora: “Quero dizer-te que em Minha honra, que sou a Senhora do Rosário, que continuem sempre a rezar o Terço todos os dias. A guerra vai acabar e os militares voltarão em breve para suas casas”
Lúcia: “Eu tinha muitas coisas para Lhe pedir. Se curava uns doentes e se convertia uns pecadores...
Nossa Senhora: “Uns sim, outros não. É preciso que se emendem, que peçam perdão dos seus pecados”.
E, tomando um aspecto mais triste, disse:
Nossa Senhora: “Não ofendam mais a DEUS Nosso Senhor, que já está muito ofendido”.
Em seguida, Nossa Senhora abrindo as mãos fez que elas se refletissem no sol, e começou a se elevar para o Céu.
Nesse momento, Lúcia apontou para o céu e gritou:
Lúcia: “Olhem para o sol!”
A multidão assistiu, então, ao grande milagre do sol. Enquanto isso, os pastorinhos viram São José com o Menino Jesus, e Nossa Senhora do Rosário.
Era a Sagrada Família. A Virgem estava vestida de branco, com um manto azul. São José também estava vestido de branco, e o Menino Jesus de vermelho claro. São José abençoou a multidão, traçando três vezes o Sinal da Cruz. O Menino Jesus fez o mesmo.
Lúcia então, teve a visão de Nossa Senhora das Dores, e de Nosso Senhor, acabrunhado de dor, no caminho do Calvário. Nosso Senhor traçou um Sinal da Cruz para abençoar o povo. Finalmente apareceu, numa visão gloriosa, Nossa Senhora do Carmo, coroada Rainha do Céu e da Terra, com o Menino Jesus ao colo.
Enquanto os pastorinhos tinham essa visão, a grande multidão de quase 70 mil pessoas, assistiu ao milagre do sol.

Tinha chovido durante toda a aparição. Mas, no momento em que a Santíssima Virgem desaparecia, e que Lúcia gritou “olhem para o sol!”, as nuvens se entreabriram, deixando ver o sol como um imenso disco de prata.
Brilhava com intensidade jamais vista, mas não cegava. A imensa bola começou a “bailar”. Como uma gigantesca roda de fogo, girava rapidamente.
Parou por um certo tempo, mas, em seguida, começou a girar sobre si mesmo, vertiginosamente.
Depois, seus bordos tornaram-se vermelhos, e deslizou no céu, como um redemoinho, espargindo chamas de fogo.
Essa luz refletia-se no solo, nas árvores, nos arbustos, nas próprias faces das pessoas e nas roupas, tomando tonalidades brilhantes e diferentes cores.
Em seguida, por três vezes ficou animado de um movimento rápido. O globo de fogo pareceu tremer, sacudir-se e precipitar-se em ziguezague sobre a multidão aterrorizada.
Durou tudo uns dez minutos. Finalmente o sol voltou em ziguezague para o ponto de onde se tinha precipitado, e ficou novamente tranqüilo e brilhante, com o mesmo brilho de todos os dias.
Muitas pessoas notaram que suas roupas, ensopadas pela chuva, tinham secado subitamente.
O milagre do sol foi visto, também, por numerosas testemunhas que estavam fora do local das aparições, até a 40 quilômetros de distância.
O jornal “o século” de grande circulação em Portugal, documentou esse espetacular milagre do sol, e publicou uma grande reportagem sobre esse impressionante acontecimento.

MEDIANEIRA DE TODAS AS GRAÇAS - Muitos foram os milagres que o CRIADOR realizou e ainda continua a conceder, pela intercessão poderosa de NOSSA SENHORA APARECIDA. São sinais de todas as modalidades possíveis e imagináveis, curas físicas extraordinárias onde a ciência não conseguiu nenhum resultado , deram origem a uma quantidade notável de "ex-votos" (fotografias abaixo) de todas as formas, modelos e tipos, que superlotam um amplo salão na Basílica Nova, construído especialmente para esta finalidade. E a atuação de nossa MÃE SANTÍSSIMA não é direcionada para um determinado tipo de pessoa, ela é universal, ou seja, abrange todas as classes sociais, beneficiando com misericórdia e atenção, todos que tem fé, que a procuram e suplicam o seu auxílio e proteção. É verdade que Ela tem um carinho especial pelos pobres e os menos favorecidos, por aqueles subjugados pelo trabalho e pelos escravos dos vícios, que procuram a sua poderosa proteção, a fim de ficarem curados e se reintegrarem à sociedade.
Cegos recobram a visão, coxos voltam a andar, cardíacos condenados à morte pela medicina ficam completamente curados e cheios de vida, mudos voltam a falar e muitos outros notáveis milagres, fazem parte de uma imensa lista de ocorrências Divina, pela intervenção de NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO APARECIDA. Apenas para evidenciar um pouco as Obras de nossa MÃE, citaremos com detalhes dois fatos ocorridos na época do Brasil Colonial, fatos curiosos que se encontram registrados no Livro da Cúria Diocesana em Aparecida.
Naquela época, muitos escravos não suportando o trabalho intenso e os cruéis castigos que recebiam nas senzalas, que aos poucos corroíam as suas forças e lhes tiravam a vida, arriscavam-se e fugiam. Era preciso tentar a liberdade, desaparecer daquele ambiente onde o trabalho representava um tormento insuportável e a morte. Todavia, na mentalidade vaidosa dos senhores de escravos, aqueles homens que administravam os empregados da fazenda, a fuga de um escravo representava uma ofensa moral imperdoável, que exigia uma pronta reparação e imediata repressão.
ESCRAVO ZACARIAS - Certa feita, um escravo de nome Zacarias, que vivia na senzala de uma grande Fazenda no Estado do Paraná, cansado de sofrer maus tratos, fugiu em direção ao Estado de São Paulo. De imediato saiu a sua procura um famoso "Capitão do Mato", como eram chamados os perseguidores de escravos. Vasculhou todas as regiões circunvizinhas até que o encontrou e prendeu próximo a Bananal, em São Paulo. Depois de acorrentá-lo com pesados grilhões nos pés e nos braços (um conjunto de argolas e barras de ferro pesando mais de 7 quilos), o conduziu de volta ao Paraná. Entretanto, ao passarem pela Vila, em frente à Igreja de NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO APARECIDA, cansado e com fome, com os pés repletos de cortes por caminhar descalço por estradas pedregosas e cheias de mato, pediu ao seu caçador para descansar um pouco e rezar na Igreja. O algoz permitiu e aproximou-se a cavalo da porta de entrada da Igreja, enquanto Zacarias caminhando uns passos, caiu de joelhos ao chão em suplicante e dolorida oração. Para espanto do Capitão, de diversos alunos de um Colégio ao lado da Igreja e de muitas pessoas na rua que presenciaram a cena, viram soltar-se milagrosamente os grilhões que prendiam os pés e braços do escravo, caindo ao chão com grande barulho, deixando-o em liberdade.
Zacarias em prantos segurou as correntes com as mãos e correu pelo interior da Igreja, prostrando-se junto à grade que separava do público, o Altar onde estava a VIRGEM MARIA. Com as mãos estendidas e o rosto inundado de lágrimas, agradeceu à NOSSA SENHORA pela providencial e maternal proteção.
O Capitão do Mato surpreso desmontou do cavalo e seguido pelas pessoas que testemunharam o fato, entrou na Igreja para ver de perto o que acabara de presenciar. Compreendeu que se tratava de uma intervenção sobrenatural e por essa razão, concordou que o escravo devia ficar em liberdade. Decidiu não levar Zacarias de volta a senzala de onde fugira. Pediu ao Tesoureiro da Igreja, que estava presente, uma declaração narrando o acontecimento, a fim de fazer prova junto ao seu patrão e com a consciência tranquila de ter feito a melhor escolha, retornou sozinho ao Paraná.
No Salão do sub-solo denominado "Salão das Promessas" ou "Salão de Ex-Votos", podem ser vistos os grilhões que acorrentaram o escravo Zacarias. Fotografias a seguir:
AS PROMESSAS - Outro costume interessante, eram "As Promessas". Naquela época, constituía-se um hábito normal, dar um escravo a um Santo em pagamento de alguma promessa. Só NOSSA SENHORA APARECIDA, conforme os registros da Cúria, recebeu mais de 60 escravos. Isto significa dizer, que uma pessoa fazia uma promessa solicitando uma graça e prometia se alcançasse o benefício, dar um escravo de presente à VIRGEM MARIA. Os escravos ficavam a serviço da Igreja, trabalhando com o Padre na Fazenda Paroquial, ou com o Tesoureiro em providências necessárias ao abastecimento da propriedade agrícola ou da Igreja, em completo gozo de seus direitos humanos, ou seja, em plena liberdade. E por isso também, nutriam grande afeição pela MÃE DE DEUS. Em toda oportunidade, davam mostras de seu amor, ofertando a NOSSA SENHORA, buquês de flores silvestres, que zelosamente traziam para ornar o Altar da SANTA MÃE.
Muitos daqueles escravos prestaram serviços inestimáveis à Comunidade, inclusive um deles destacou-se como excelente organista, apesar de nunca ter estudado música. Tocava magistralmente o órgão da Igreja e se incumbia de organizar e animar os cantos durante as celebrações festivas e dominicais, em louvor a VIRGEM APARECIDA.
A verdade é que nossa MÃE SANTÍSSIMA decidiu por sua grande bondade, dar mostras de seu ilimitado amor pela humanidade, socorrendo e ajudando todos que a procuram com sinceridade, principalmente neste bendito recanto brasileiro, onde diariamente uma multidão de fieis prostram-se aos pés da VIRGEM, repudiando a maldade e penitenciando-se por causa de seus muitos pecados, num esforço de dedicação e querendo demonstrar amor filial, buscando diminuir a imensa distância que os separam de DEUS.
NOSSA GRATIDÃO - Na imensidão de seus filhos, também nós MÃE querida, ansiamos pela Vossa atenção, pelos Vossos carinhos e afeto, e ardemos em desejos de Vos servir, de cantar o Vosso incomensurável amor, de propagar bem alto a Vossa maravilhosa bondade. Por essa razão, com a alma enlevada e repleta de agradecimentos por todas as Obras da SENHORA, versejarei com o Pereira de Carvalho, os lindos versos da "Súplica", que tão afetuosamente ele arrancou do coração:
    "VIRGEM e MÃE, pureza e formosura,
   Anjo de amor, Estrela de bondade,
   Sob teu manto extingues a amargura,
   E dás, no teu olhar, felicidade.
   És a vida sem par, és a ventura,
   Neste mundo ilusório és a verdade,
   Exclusivo fanal de luz segura,
   Que ao Bem conduz a triste humanidade.
   Dá-nos alívio, dá-nos alegria,
   No amor do meu JESUS. Ave MARIA!
   Conserva-nos na paz do teu redil.
   E o teu conforto e o teu carinho Santo,
   Estende à minha terra, em teu encanto,
   Rainha e Padroeira do Brasil"!